Desigualdade Social

“Hei moço, me dá um trocado? Eu tenho fome.”
Essa é a abordagem do menino no sinal fechado,
Pra enganar o estômago e o destino, é a aparente solução.

E todos os dias, a mesma figura sem sombra, sem nome,
Um corpo franzino, trajando farrapos e de pés no chão.
Visão do descaso, sensação de embaraço, é de apertar o coração,

Não sei o que mais me dói, se a triste visão do menino no sinal fechado,
Ou o que vejo no olhar de quem por ali passa, parecem olhar um animal.
Nenhuma demonstração de sentimento. (quando muito, o trocado).
Nenhuma compaixão à dor alheia, nem é notada, é algo normal.

Todos os dias essa cena se repete, tantos meninos em tantos sinais.
Histórias parecidas, pelos mesmos motivos e de causas iguais.
Quem me dera poder reescrever essa história em forma de verso e prosa,
Transformá-la em soneto e cancioneiro, em uma vida gentil e graciosa.

Gostaria que minhas palavras tivessem poder em sua forma e intensidade,
Poder este, de reescrever as linhas de algumas páginas da história
E moldá-las com as palavras certas, criando algo novo e sem igual,
De modo a suprimir a existência de muitos males, apagá-los da nossa memória,
Começaria impedindo até mesmo a existência do termo: “desigualdade social”.