Observadores dos Fortes

Observadores dos Fortes

Quantos homens à espera do inimigo
Contemplaram em perigo belas vistas em tantas eras...
Pacientes feras a aguardar a indesejável visita da guerra
 
Plácidos semblantes com olhos firmes ao horizonte
Tornam-se a inesgotável fonte dos testemunhos de arte do ocaso
O belo ofertado a iluminar a alma do solitário soldado raso
 
Batalhas intensas são travadas no pensamento
Passadas no longo tempo do cumprimento do ofício
O perfeito sítio para moer ofensas e insensatos sacrifícios
 
Indecifráveis rostos na escuridão fria das noites limpas sem luar
No contemplar mudo de brilhantes eventos celestes
Reluzentes restes no céu a presentear os preteridos terrestres
 
Com o calor do crepúsculo na face cansada do fiel observador
Sentindo o peso do labor na certeza do dever cumprido
Sem alarido afasta-se do posto que com arte e emoção plena viveu contido
 
Nas incontáveis gerações de observadores dos fortes
O incauto que com sorte os via porque por ali caminhava com coragem
Em sua rápida passagem percebia somente olhares perdidos para a paisagem

"Quantos homens a espera do inimigo contemplaram belas vistas em tantos séculos - observadores de suas épocas. O que pensavam, quais seriam suas angústias... Para quem os via, constatavam apenas olhares perdidos para as paisagens". (O Autor)

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Imagem: Brasil Colonial - O Observador do Forte
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Poesia e foto elaboradas em Niterói