Todo dia a mesma coisa,
Acordar, café, sol e gentes,
A menina, a esperança, a confiança.
A vitamina, o suco verde da verdura.
 
O perigo, a bola, a árvore, a criança.
O cheque-frio, a calça apertada.
 
A polícia fofoca vizinha.
A bicicleta, pneu furado.
 
O dinheiro, o disco, a agulha que está arranhando.
A música boa, atropelada.
 
No ônibus, a lua de mel
Cala o gole que desce.
 
O olho certo, visão errada
A mão lisa, consciência gelada
O medo forte, o abraço na angústia, o jornal seco
Os leitores molhados, assunto marcado.
 
Pássaro voando, o homem vacilando
E a vida no asfalto.
 
O sol cascando, a viola crescendo
Ela chegando, você calado
Ela saindo, você gritando, filhos em gritos
O pai desligado, e ela ficando.
 
No peito enganos, morrendo nos pés
Que vão marcando.
 
Depois do além, vem o aquém
Depois do espaço, vem o cansaço
Depois do amor, o sofrimento
Depois da terra, velhas fugindo
Depois coragem, o medo morre
Depois do elo, a corrente, e a chave...
 
 
E o outro ELO?!
 
 
 

Jose Machado Veríssimo
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