Um protesto da janela, apaziguantes e uma plateia
Tava meio distorcido, comprimi o meu ouvido 
“piedade, solidariedade, amor a Nigéria”
Tinha mais contexto no grito de guerra
Deixei por desentendido,  
Capital tem muito disso
Buzina de carro, cidadão apressado, barulho de tiro
Mas eu to aqui, na porta entreaberta.
Na esquina de cima, tem menino e menina
estão brincando no barro,
Também vejo um barraco de esperança carente ,
e é “um barato!”, pois na quadra da frente,
Igreja e crente, que olha pra bíblia, mas não olha pro lado.
Os anos passaram, penso comigo,
Tem tecnologia andando sozinha lá fora
E nem todo o tempo que me fosse concedido faria entender:
O homem cada vez mais primitivo usando livro pra calçar a porta.
Não muito longe, nos becos nas pontes,
Tem gente se atirando pra morte confortá-las
E eu, apesar de horrorizado, entendo
Deixo meu lamento pra essas vidas abortadas
Até quem ta vivo, ta perdido no caminho,
Essa é a grande sátira, te jogam nesse abismo lhe perguntam o sentido
E depois mandam se encontrar.
Nessa carnificina natural, todo mundo é canibal
Vão comendo uns aos outros na rotina, no tempo
Expectativa é irreal, amor é desigual, racionalizar é um tormento
Por isso, tem tanto indivíduo que se recolhe ao umbigo evitando o precipício
é genial, reconheço!
E eu que estive exposto a tela viva,
Recusei a grossa vista,
Carrego o fardo da reflexão
Fechei agora as cortinas
Perdoem-me a fraqueza, deixo aqui com franqueza, votos de boa vida
Pois meus olhos dormirão.