Porque ainda perco tempo desejando-te?
Porque de ti não me afasto?
Sei que não te quero,
mas deseja-te todo o meu corpo.
Sei que não te possuo,
mas és meu até o mais profundo.
Sei que não há nada a ser feito...
tudo não foi feito, mas ainda nos queremos.
 
O fogo que em mim  arde,
como o borbulhar de um vulcão,
desperta em mim uma vontade insana
de ter-te sem possuir-te,
querer-te sem querer,
de fazer tudo, sem fazer nada.
 
Fogo que queima, que arde
e não me permite evitar.
Minha  presença arde em ti,
teu corpo, em brasa,
me atrai para ti.
 
Que fazer se és meu e não sou tua?
Que fazer se sou tua e não és meu?
Contraditório, convincente, consequência, perscruta.
Quem és tu, senão eu?
Nos pertencemos, mas não nos possuimos.
Somos um único desejo dentro de corpos separados.
 
Não te amo. Não me amas.
Mas um egoismo seculas faz-me
desejar possuir-te
- mas deixo-te livre.
 
Tão insano,
comum.
Tão complexo, mas enfim,
prazeroso.
 
Assim,tenho-te por ineiro e em partes.

Débora Garrido Lima
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