A  BOCA

Achei  uma boca,  tua linda boca.  Com lábios 

de inconfundível  linguagem.   Que se impõe. 

Que propõe.  Que dispõe. E  se antepõe  apenas,

a  instantes   da entrega,   próximo   do   amor.

Que  caixa !  A  caixa da tua boca é um sonoro

instrumento.  De profundidade renascentista 

e   acústica  gregoriana.  Polpuda, 

num  rosto  fluido  de gotículas   d'água

em  que borbulha   o   carnal,   encarnada 

e   insurgente,   ao  tempero   do  desejo.

A   me   devorar  e   deglutir   em  assoberbo. 

Maquina  da  criação  e - pró  pro-   aconchego. 

Deixa  o  rastro   da tua saliva,  

na  minha  pele  em "X", 

através   do  meu  peito  sugado. 

Me embebe na tua 

umidade   quente  em quase vapor, 

ao  meu  tempo  de  prazer  molhado . . .   

assim pela tua boca.  Faz com  ela  a mistura

do  meu  orgasmo. 

Gozaremos   juntos  em  nossos  lábios.

Dormiremos . . . boca  a  boca colados.

E  sonharemos com  elas  ( bocas e lábios )

dizendo: Sim !  Sim ! 

Nos   intervalos  em  exaustão

de   línguas   selvagens !!!!!!!!!!

 

versejando ( ao estilo de Pessoa )
© Todos os direitos reservados