Data do falecimento do escritor Érico Veríssimo em 28.11.1975 -

 
CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE ÉRICO VERÍSSIMO

IALMAR PIO SCHNEIDER           Tendo nascido em 17 de dezembro de 1905, em Cruz Alta, neste corrente ano acontece o centenário de nascimento do escritor gaúcho que tanto elevou o nome de nossa terra pelo mundo inteiro. O primeiro livro que tive a oportunidade de ler do renomado autor foi Clarissa, Editora Globo – 1960 – 3ª edição – 1ª impressão, que trata da história de uma jovem que desponta para transformar-se em uma linda mulher, em meio ao burburinho da cidade e a poesia dos jacarandás floridos. Depois fui lendo os outros livros que vieram na sucessão de sua obra em que já havia escrito um livro de contos intitulado Fantoches, bem como os romances Música ao Longe, Caminhos Cruzados, Um Lugar ao Sol e Olhai os Lírios do Campo, este último sendo o marco do início do seu sucesso, daí em diante mais e mais crescendo. Foi apresentado pela TV Globo em memorável novela. Um romance inesquecível foi O Resto é Silêncio, que trata de uma tragédia urbana que volta e meia tem acontecido em cidades de certo porte, ou seja, de elevado número de habitantes.
          No ano de 1948 começou a lançar sua grande epopéia riograndense intitulada “O Tempo e o Vento”, (também apresentado pela TV Globo em uma minissérie) com os livros O Continente, O Retrato e Arquipélago, que formam a trilogia da história romanceada do Rio Grande do Sul, remontando, por assim dizer, às suas origens.
          Por último apareceram os romances O Senhor Embaixador e o Incidente em Antares, que tanto sucesso fizeram junto ao público leitor, sendo que este foi apresentado como uma minissérie pela TV Globo.
          Viriam ainda os dois volumes de sua autobiografia Solo de Clarineta – memórias – I e II, não conseguindo completar o segundo volume, pois faleceu em 28 de novembro de 1975, quando estava escrevendo a parte final, ou melhor, o texto ainda incompleto e vários dos originais em manuscrito. Foram concluídos pelo professor de Literatura Brasileira da UFRGS, Flávio Loureiro Chaves, conhecedor abalizado da obra de Érico Veríssimo e de acordo com o solicitado pela família do autor. Nestes livros o escritor narra toda sua luta para conseguir atingir os seus objetivos literários. Seu grande amor para com a cidade de Porto Alegre onde viveu e escreveu seus romances, transparecem pelas páginas fluentes e agradáveis de sua escrita. Isto despertou-me nem sei de onde um intento de compor um soneto, como segue:
SONETO PARA PORTO ALEGRE-

-Ao Érico Verríssimo (in memoriam)-

-Risonha Capital do meu Estado,/
eu me orgulho de ti, desta pujança/
de arranha-céus; do solo conquistado/
do Guaíba que pra lagoa avança...//

E quando a noite desce, reclinado/
em meu leito de crença e de esperança,/
amores que ficaram no passado/
surgem saudosos, vivos na lembrança...//

Hoje bem sei que não deixaram mágoas/
nas páginas viradas desta vida,/
e partiram levados pelas águas...//

Canta, meu estro, um hino heróico e forte/
à cidade que elejo a preferida/
pra todo sempre, enfim até na morte !...//

PORTO ALEGRE (RS), 29 de novembro de 2005-- Às 10h25min. na Siqueira Campos, próximo à Paineira.

          Quero que este simples e modesto verso represente minha homenagem à cidade e ao genial escritor gaúcho, brasileiro e mundial que foi Érico Veríssimo, que quando indagado, no exterior, de que local estava vindo, respondeu: “Minha cidade tem uma orquestra sinfônica”.
          A leitura dos seus livros sempre desperta o mundo que existe nas páginas que retratam a formação de nosso Estado e a nossa capital gaúcha de inúmeros atrativos e que amanhece sorrindo à margens do Guaíba, rio ou lago, pouco importa, é um cartão postal com seu pôr-do-sol maravilhoso, quiçá o mais lindo do planeta. Leiam-no e apreciem-no, que um centenário não é nada para um grandioso romancista e contador de histórias tal como o foi o nosso ilustre conterrâneo, o saudoso Érico Veríssimo. Até mais...

Cronista colaborador

Publicado em 07 de dezembro de 2005 – no Diário de Canoas.
 
 
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