“1 Naquela hora chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram: Quem é o maior no reino dos céus?
2 Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles,
3 e disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.
4 Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.
5 E qualquer que receber em meu nome uma criança tal como esta, a mim me recebe.”
 
O ensino básico desta passagem é que a medida de grandeza do reino dos céus é proporcional ao tamanho da humildade, ou seja, quanto maior for a humildade da pessoa, maior será a sua grandeza no reino.
E esta humildade é a de espírito, a pobreza de espírito citada por nosso Senhor nas bem-aventuranças, que conduz a todas as demais virtudes essenciais daqueles que pertencem ao reino, a saber: mansidão ou submissão; contrição; pacificação; fome e sede de justiça; misericórdia; pureza de coração; ser perseguido por amor à justiça. Portanto, em quem estas características forem achadas em grande grau, tanto maior será a sua grandeza no reino dos céus.
Por isso nosso Senhor se valeu da ilustração de uma criança para ajudar-nos a entender esta verdade, porque estas características, especialmente a da humildade, se encontram num maior grau em crianças do que em adultos.
  Então a humildade aqui referida nada tem a ver em não se adquirir conhecimento ou bens, mas com o modo como usamos todas estas coisas, especialmente as relativas ao reino espiritual, quanto a não nos deixarmos dominar por nada que não seja celestial, espiritual e divino, e que não tenhamos em relação a todas as coisas, quer terrenas ou celestiais, sentimentos de orgulho, cobiça egoísta, arrogância, ou qualquer outro que nos incompatibilize a viver no amor devido a Deus e ao próximo.
Logo, a aspiração de ser grande no reino dos céus é legítima, todavia, deve ser movida pelos motivos corretos.
Deste modo, nosso Senhor vislumbrou nos Seus discípulos um sentimento de busca de grandeza pela superação de uns aos outros, e pôs a verdade relativa à grandeza do reino, quando apontou para a necessidade de conversão, antes de tudo, para que se pudesse ter a aspiração de ser grande no reino, porque é necessário que primeiro se nasça de novo do Espírito, e uma vez transformado, esta transformação deve prosseguir em graus, pelo processo da santificação, que em sendo real e efetivo em nossas vidas convertidas, há de nos tornar cada vez mais humildes, conforme é do propósito de Deus.    
Agora, aplicando este ensino do Senhor, de modo prático, na vida da Igreja, podemos observar que aqueles que são menos notáveis nos trabalhos de culto da mesma, são exatamente as crianças. Isto não significa que não sejam alvo dos nossos cuidados, mas é notório que as expectativas quanto ao que deve acontecer no culto, não é colocada geralmente, nelas.
Todavia, nosso Senhor está dizendo que Ele as repara, e que o que elas são é muito importante para Ele. Não somente isto, indica-nos que devemos nos esforçar para sermos como elas. Desprovidos de aspirações de grandezas terrenas, baseadas no culto da auto-glorificação, e por nos sentirmos superiores aos demais.
Estar quieto e sossegado diante do Senhor, dependente da Sua palavra de ordem, sem questionar o Seu mover e as Suas ordens, e prontos a obedecer-Lhe, confiando inteiramente nEle, é algo precioso e que indica de certo modo a medida da nossa grandeza no reino.
Não é o que é elevado para os homens que é necessariamente elevado e digno diante de Deus, porque tem escolhido as coisas desprezíveis e as que não são.
 

Silvio Dutra
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