Era um cavalo todo moldado em sombras, galopava
Freneticamente carregando em seu lombo a minha alma.
Meu corpo dormia, o espírito desperto, sem controle, sem calma,
Queria adormecer no frio, mas era como tórrida lava...
Neste lugar estranho, atormentador, cinzento e psicodélico,
Vi toda a minha ilusão voar e a realidade urrar e derreter.
Como algo nebuloso que a mente humana nunca deve compreender
É difícil definir se aqui tudo é pacífico ou se tudo é bélico...
Misturas inimagináveis de épocas existentes e não-existentes.
Era, em tudo, como um terrível e palpável desespero.
Gárgulas em torres aqui, ali um edifício moderno, vício e tempero
Para abominações que não tenho como revelar para os não-dementes.
Acolá, uma fada voava espiralando enquanto lançava um olhar psicopata.
Ali, um diabrete corria auxiliando os doentes e feridos...
(Distorção de coisas... Distorção de mim mesmo... Meus sonhos vencidos...)
Aqui é a linda rosa vermelha e não a cicuta que envenena e mata!
Esta loucura que rege o local é sentida na pele e na matéria!
As noites têm um clarão maligno e os dias são escuros...
Borbulham sensações visíveis, cheias de teores impuros;
E a chaga não dói... A dor provêm do corpo saudável e é deletéria...
Campos cheios de erosão, fogo, destroços e fuligem...
Este lugar é o mais próximo do que chamamos e concebemos do inferno!
Mácula por toda a parte, o bom é mau e o mau é pior, suplício eterno
Em sentimentos vingadores e vis que nascem como uma vertigem.
Eu caminhava desnorteado como uma alma penada.
Eu sentia a vingança em mim, amarga como absinto e doce como licor,
Mas ao mesmo tempo sentia um misto de paixão e amor...
Estou louco! Não explico isto! É a minha vida atual e a passada!
Isto é mesmo um local que habita o inconsciente dos sonhos?
É isto que existe além da alma, nesta dimensão de horror onírica?
E o que é o sonho então? Uma mera ilusão empírica!?
Uma mentira criada por nós? Um porto de sentimentos medonhos!?
Eu ouvia lamentos carregados pela brisa, hediondos gritos
Os quais assustariam e trariam pavor à alma mais corajosa...
Por vezes, o sol e a lua pareciam despencar como uma virgem amorosa
Em meus braços, mas era pesado, carga de meteoros infinitos...!
Seguir em linha reta neste ambiente é invocar um labirinto!
Nada faz sentido... Eu quase entendo o sentir de todos os loucos!
A mente, em vislumbres de tudo o que imaginamos liberava aos poucos
O real e o irreal e os combinava na ebriedade do absinto!
Correndo da vida assim como todos tentam correr para atrasar a morte,
Súbitas lembranças nasciam... E, estou certo: Não eram minhas!
Cresciam na minha mente, corpo e alma como ervas daninhas
E me deixavam com uma incerteza cada vez mais forte!
E quando me deparei com um infinito e negro abismo
(Que em suma, não era infinito e várias almas dele vertiam...)
Senti a minha própria ser tragada e de fato foi. (Meus sentidos morriam!)
E acordei em meu leito lembrando de tudo, cada onirismo...
E ao me levantar após este febril e alucinante martírio,
Olhei pela janela e observei o mundo com olhar herético...
Tudo em redor, tudo o que era "normal" antes, agora era hermético:
Uma porção de tudo o que sonhei, de tudo o que amargurei neste delírio...
Licença
Sob licença creative commons
Você pode distribuir este poema, desde que:
- Atribua créditos ao seu autor
- Distribua-o sob essa mesma licença