Todos os dias
A mesma fantasia
Os pedestres cansados
Carros acelerados
Disputam em harmonia
Plebeus e fidalguia
Disfarçam a alegria
E fingem cidadania
Ao passo que em paralelo
Entre a fumaça e o som estridente
Dos gritos de “ sai da frente!”
Há Trapos no asfalto amarelo
Pintado pelos homens
Criadores da lei
Que protege a sua grei
Que anda por ai com fones
Distraída da realidade
Consumida pela pluralidade
Das grandes cidades
Entre prédios e mendigos debalde
É você que passa diariamente
Que escorrega os olhares
E aparta sua mente
Dos urbanos pesares
Plantados pela, só, gente
Pelo completamente
Por justiça iminente
Na impunidade em frente
As delegacias
Que dia após dia
Se entregam à porfia
Permitindo-se uma epifania
Registrada e bem mostrada
Em 24 quadros por segundo
Pra enganar os moribundos
Doentes de mente e de alma
Não somos enganados
Deixamo-nos levar
Pelos enleios mal contados
De um cenário particular.