O PODER DE UM OLHAR

 
Um dia nem sei por quê
O cupido me flechou
Pegou-me despercebida
Quando você me fitou
Como pode alguém na vida
Depois de ser tão vivida
Se perturbar com amor?!
 
Agora que me descanso
De decepções amargas
Que nessa estrada passei
Não era pra acontecer
Aquilo que eu mais temia
Senti que me apaixonei
Quando lhe encontrei um dia
 
Eu que fugia a distância
Pra não cair nesta farsa
Como tola me enrolei
Num golpe feio e sem graça
Hoje vejo com ironia
Que sem querer tropecei
Mais tudo na vida passa...
 
Mesmo que eu viva tristonha
Cabisbaixa e apagada
Foi á vida que escolhi
Não sou a boba da corte
Pra viver de riso e graça
Prefiro ser solitária
Do que ser sua palhaça
 
Quando o amor acontece
Ninguém pode escapar
Porém viver de ilusão
 E nada ser realizado
Sempre tudo dá errado
É besteira se enganar
Se nada bom foi traçado
 
Do amor fui invicta
Todo tempo que vivi
Malandros aventureiros
Sempre a mim se chegavam
Mas vendo que eu percebia
Que eram vil traiçoeiros
Logo de mim se afastavam
 
Sempre demonstrei frieza
Por isso desconfiavam
Não viam sair coelhos
Como assim desejavam
Fugiam desconsolados
Para em outra freguesia
Iludir com mais cuidado.

MARIA AGLAIDE NEVES
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