Todas as madrugadas, quando eu passava, lá estava ele, com sua dança sensual, a me fascinar. Eu o batizei “Fogo da Vida”.

Porque (o fogo),  para ser fogo,
precisa queimar.
Como o tempo,
que precisa passar.
Como o rio,
que precisa fluir.
Como o vento,
que precisa vagar.

Como tudo, que precisa,
para ser,
deixar de ser!

Tal como a vida,
que precisa morrer!

O fogo não sabe que queima,
e assim se destrói.
O tempo, se eterno,
não existiria.
O rio, se não passasse,
não o seria.
O vento, estagnado,
não haveria.

A vida, como as chamas,
se não caminhasse pra morte,
já morte seria.
Como as cinzas,
ou, ainda,
nem fogo haveria!

Por isso é que o “Fogo da Vida”
me impressionava.
Porque a vida me impressionava,
com seu mágico devir.