Não deveria doer tanto,
Não caberia exagerar na felicidade,
Pois ao ser, deixei de lado o não ser.
E qual a graça que há nisto tudo,
Senão uma esgotada filosofia
A misturar-se com o requiem diário?
Pois não sei se é a vida que enche o copo,
Ou se é a morte que o esvazia constantemente.
Fugaz é o conteúdo, e o copo é frágil.
Linhas perdidas em pontos ocultos,
Tudo esvazia-se, os significados estão exaustos.
Em cada olhar fica a grande graça de viver,
Como viver sem estes olhares caóticos,
Este calor humano estranho à fria alma?
Quantos serão os meus dias?
Por que querer saber o tempo,
Se o fim é garantia absoluta?
Assim, antes que surjam outros adjetivos,
Melhor dar um ponto final
Neste finalmente provisório.
Gilberto Brandão Marcon
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