Quando me procuro não acho
O cadê eu é só embaraço
Confusa no tempo vira capacho
Acho tão sem graça viver essa vida sem raça.
Se refletir me ameaça
Leva-se a vida num abraço
Há quem me julgas palhaço
Sinto-me, no entanto uma sobra no espaço.
Será que ainda me acho
Veja a vida que traço
Sem arte e cor sem sabor
São traços apenas que a minha vida desenhou.
Sem compasso, régua e lápis de cor.
Sigo traçando com dor
Numa folha seca registro o que sou
Sou Orfeu, sou flor, o que restou a vida esmiuçou.
Re Carvalho
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