O som da música
 
Queria poder me despedir lentamente,
Talvez ao fundo, um blues ao som de um saxofone
Queria que minhas últimas palavras
Chegassem aos seus ouvidos como uma oração
 
E  que no nefasto momento,
As palavras pudessem tomar conta de você
E  que,  tua consciência, pudesse, quem sabe
Sentir a profunda tristeza desse momento.
 
Queria ainda, poder me despedir e,
Deixar-te uma gota que seja,
de todo um mar de paixão que levou
meu peito explodir em paixão
E agora, jaz inerte e taciturno
 
O som desta triste melodia
Que insiste melancólica
Corroi  em mim e,
Insiste num adeus,
Numa incompreensível despedida
Desmedida e desconexa.
 
Posso deixar, esta matéria
Vil que aproveitou-se de meu espírito
violentou meus sonhos
E de minhas ilusões
Levou minha única alegria
Deste tempo que nunca vivi
Ou nunca foi meu.
 
E o caos em mim se fez
E o som desse sax que não se acaba
Somente traz com a música
Lenta e triste
O último desejo
De rever seus olhos e
 Ver seu sorriso dissipar-se  distante
Como se nada,
Nada valesse e,
Só nós,
só nós sabemos
Que levaremos e enterraremos
A única coisa verdadeira
Que restou.
Que guardaremos
Nas mais recônditas fibras do
Coração.
 
Toque, toque nossa música
Ela poderá chorar por nós
E quem sabe quando a escutarmos
Possamos trazer e reviver
Os melhores momentos
de palavras não ditas
de palavras suspensas
Num vazio...
No espaço vazio que se fez
 
De palavras que se foram
De dias que,
Infindos  na memória
Só restará em nós
A nota desse acorde
Que insiste em  toar
 
Vai,
outras melodias virão
E enterrarão de vez
O que um dia deixou em  nós
Marcas tão profundas.
 
Porém, lindas...
Lindas lembranças, lindos desejos
permanecerão
De um amor,
Que com certeza
O choro de uma só nota
 levou.
 

sergio de macedo saldanha
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