Febre

é madrugada e a febre me incendeia,

a minha mão errante, a escuridão tateia

em busca do teu corpo "indesperto"

 

Em vão, procuro eu, tempo perdido,

não ouço, na penumbra, um só gemido

não me respondes, nem estás por perto.

 

Tão longe, o mais possível, estás agora,

entre todas, intangível, minha senhora,

compartilha com outra alma outro destino.

 

o sangue ferve, a tempora lateja,

o coração salta agitado, o peito arqueja,

a febre recrudesce e eu alucino.

 

e entre vultos e visões, te encontro enfim,

diáfana e translúcida vens a mim

estendes  tua mão e enfim me tocas

 

teu corpo tão perfeito ao meu se aninha,

 em teu cálido regaço me acarinhas

e entre os seios perfumados me sufocas.

 

e as visões se sobrepôem confusas,

e em meus delírios insanos, ainda usas,

a camisola transparente que eu te dei.

 

que traz ainda, marcas tão singelas,

do nosso ardente amor, gravado nelas,

testemunhas do tanto que eu te amei.

 

Mas o quanto dói a tua ausência, somente eu sei...

BRUNO
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