Anjo feito gente

 
Sonhe comigo meu doce anjo,
Sei que quase sem querer,
Te quebrei uma das asas,
Perdoe minha travessura,
Sei qu’é tarefa difícil me cuidar,
 
Mas fique tranquilo que agora
Meu leito te será por abrigo,
Que traquina até agradeço,
Pois assim não me foges mais
E não te sentes dividido...
 
Entre o ficar e o partir, fiques
Tão inteiramente, que te curo
Das feridas daquele tombo feio
Ao tentares partir, mas agora anjo,
Anjo meu, sem mais pra onde ir...
Aquieta-te bem perto de mim,
 
Pois também sou anjo alado,
Escondido, calado e misturado
Pelo mundo afora, quase indigente,
Mas também sou anjo feito gente
Meu doce anjo apaixonado...
 
Toma cá em meus lábios, novas asas,
Olhe aqui em meus olhos,
Que veras o brilho das estrelas
Bem de pertinho, todas elas,
 
E adormeça em meio a meu mimo,
Anjo meu sonhe comigo, tranquilo,
Pois nossas asas quebradas nos tornam
Anjo feito gente, que o bicho-homem
Chama de almas gêmeas...

Nos bobos e alucinados apaixonados.

 

Allinie de Castro
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