Nasci no tempo errado
Nasci no passado
Onde tudo era pecado.
Nasci no interior de Minas
Onde tudo se recrimina
E eu, com minha alma feminina.
De todas as amarguras que tive
Entre as que mais me consome
É ter minha alma feminina
Presa em um corpo de homem.
Deixei de fazer tantas coisas
Fiz tantas coisas que não queria fazer
Fiz tantos segredos da minha vida
Que minha vida deixei de viver.
E hoje, aqui sozinho
Livre para ser o que quiser
Não tenho mais tempo para ser homem
Nem tempo para ser mulher.
Marla da Matta
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