Existe alguém esperando para ser
mais que uma ilusão;
alguém que a teu lado irá trazer
um mundo de emoção.

Pessoa de carne, ossada e luz.
Um cara que quase oco
vive o que não é de direito.

Eu sem ti, tudo se reduz
a uma tola rotina de sufocos
e desníveis dentro do peito.

De direito não pode ser
ver-te todos os dias
apenas na fantasia dos retratos.

E viver estes grandes dias,
morto quase, todo tempo opaco,
não fosse a saudade a me anoitecer.

Não é de direito, não;
nem tampouco ser pudera
eu viver tantas noites de verão
e arrefecer a esperança na primavera.

Longo inverno de horas brancas,
um vai-vem na varanda
de minha vida velada pela vaguidão.

De direito será jamais
continuar distante de tua paz
e alijado do alcance de tua percepção.

Tanta gente no circuito da retina,
a semana outra vez termina
e recomeça, sem ti, neste domingo.

Aproxima-se a colheita dos louros,
creio: nos anos vindouros,
viveremos um amor singular e lindo.

Curitiba, 22 de Novembro de 2005