Caminhando lentamente, passos curtos
Debruçando-me às ondas do mar
Sinto-te sem te ver, apenas meu coração
Mas amargo e cruel coração
Logo por ti foi se apaixonar
 
Na encalçada sombria
Pela razão de minha existência
A ti corri de mãos vazias
De olhos molhados
Só de sentir o ardor de tua voz
 
Não posso mais dizer o quanto prezo
Por um último momento
Mesmo nas noites mais nuviosas
Mesmo no cantar mais apagado
Ver-te novamente, minha amada
 
Passe-me esta arma em suas mãos
Ante o entardecer do dia
Sagra as pobres crianças agora
O crepúsculo do dia chega
Já não posso mais te ver
 
Há entre meu coração
O balbucio trêmulo que se intimida
Na carruagem, levam-me o corpo
Entre a cruz de meus pais
Ardente fogo, súbito e singelo
 
Recebi de tuas mãos a entrada para os meus sonhos
Onde me joguei de braços abertos
Deixei que o sangue me levasse à veemência
A ternura de teus olhos, em meus olhos
A lágrima a escorrer em meus pensamentos
 
A tão esperada hora há de chegar
Em suas fantasias volúpias
Já o tempo, nobre tempo
Quantas vezes, em seus olhos, me perdi
Só para achar o que estava guardado
 
Tens a chave de meu coração
Espera o céu se entristecer com o deleito
Fuja das cinzas que corroem a alma
Apenas manche de lágrimas esse papel
Apenas faça o que deve ser feito
 
O andarilho caminha em seus devaneios
Busca intensamente o fogo em sua alma
Das águas que levaram nosso amor
Esse é apenas o prefácio do fim de nossas vidas
O silêncio se guarda até a eterna despedida 

Dennyswell Almeida
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