Perfume de Amor

 


 Aromas dominam o ar,

 os sentidos olfativos

 estão despertos.

 O perfume, a fragrância,

 a química cosmética, 

 a química da natureza.

 A troca de carícias,

 os suaves toques.

 É mulher que se converte em ninfa,

 é o homem que se faz amante.

 Mas é a figura feminil

 que se faz dona de toda graça.

 É estrela, atriz principal.

 Nesta peça o seduzir é suave,

 não domina, apenas convida,

 não toma, não tem posse,

 apenas troca,

 apenas compartilha.

 Penetrante olhar, 

 portais das interioridades. 

 E a realidade

 fica tingida de sonhos,

 se encontra um lugar particular,

 uma intimidade dividida a dois.

 As fantasias não ferem,

 os sonhos não causam anseio,

 os corações batem pacíficos.

 As bocas murmuram versos,

 e o poema já nasce completo.

 Tudo parece ter saúde,

 todas as cores parecem vivas.

 Em meio às faces, sorrisos acolhedores,

 o gentil cavalheiro, e a doce dama.

 Tudo tão antigo, tão ultrapassado,

 mas bons tempos que não foram.

 Idealizados num cotidiano veloz

 de paixões e amores corridos,

 sem tempo de sentir

 o néctar oculto dos sentimentos,

 sem esperar o suficiente

 para plantar as sementes

 de futura saudade,

 guardada na memória do olfato. 

 

 

 

 

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Gilberto Brandão Marcon
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