VISÕES DE MIM MESMO

 
O corpo se alimenta
Algumas vezes por dia,
O asseio e penteio,
O apresento ao meu meio...


Mas o meu espírito,
Irriquieto, atrevido,
Inquisidor e destemido,
Não se contenta com pouco...


Põe-me louco, desvairado,
Quem me vê
Na matéria,
(o outro é invisível)

Acha-me doido
Inconveniente
Misantropo
Negativo, deprimido


E, ao mirar-me no espelho,
Imagem desgastada se me apresenta
Me arrasta em suas marcas
Dolorosas cicatrizes, signos dos tempos

Nada lembra o ente invisível
Este, menino,  sonhador,
Faz pilhérias, me instiga, me remoça,
Jovialmente eterno a rir de minhas desgraças...

 

A minha matéria se alimenta algumas vezes por dia, mas meu espírito, sedento, não se contenta com tão pouco, tem sede de saber, se questionar, angustiar, a divagar, a buscar insanamente a busca de porquês...