Sente em si mesmo um frio avassalador... o que pensas?
A dor vem, o choro vem, a noite vem.
Coisas do interior do humano... demasiadamente humano.
A ditadura do medo, segredo de todos nós.
Se a força de teu sonho te faz amadurecer,
O segredo de teu coração transparece n'alma. Calma?
Diante da fúria e da incúria das sinas,
Insistentemente ensinas a ti mesmo o que é sobrevivência.
Forte ardência... não sentes a aderência das matrizes incautas,
Como flautas a ressoar o mantra dos desesperados? E os pesados fardos?
Se fizeram turvos os acalantos e encantos que antes te embalavam,
E, no frívolo mar das vis omissões se calaram?
Quem pensas que virá te conceder o singelo escrutínio das sensações benévolas,
As quais, sem pressa de aparecer, se mostram malévolas ao entardecer da vida?
A sapiência do amor é maior que a sabedoria da mente,
Sinestesia da dor, aroma quente e visão gelada,
Madrugada púrpura ou corada com o sangue inocente daqueles que, insistentemente buscaram salvar as almas perdidas da Terra.
Não te enganes: o significado da indulgência Divina –
Verdadeira mina de vida abundante –
Não é somente o perdão dos pecados, mas, muito adiante:
A remissão das malícias, dos vícios, das farras, dos medos,
Das arras firmadas com o mal, da verdadeira morte abissal,
Onde o choro é constante, onde nem mesmo os sonetos de Dante -
Onde jaz Creonte, que cobra o denário maldito para fazer a derradeira travessia –
 Puderam descrever o padecer dos infortunados.
Pois bem: o que Preferes? O engodo dos tempos e a fantasia das horas efêmeras –
Prelúdio da desolação e da peste - ou o aconchego da glória celeste,
Eterno descanso e regalo, vida constante, badalo de glória,
Recanto forte, onde as brumas da morte
Não corrompem os cândidos sonhos da Paz?
E o que mais?  Haveria uma distinta vereda,
O caminho do meio, em que o anseio dos arautos dos dons terrenos se mostram perenes? Ou haveria uma instância intrahumana, desnuda de "fraca crença insana",
Onde o ego é absoluto? Crês nisso? Se assim cogitas, nega a essência da alma,
Nega a origem do cosmo, da primórdia da vida.
Pergunta-se: que é o humano, que num discurso insano instaura a incerteza,
Mesmo evidente a suprema verdade, eleva as vaidades do seu próprio desejo,
Sobejo de conflitos ardentes, em que as mentes mais sórdidas
Se valem das vidas mais pueris. Humano?
Demasiadamente humano, mas muito mais desumano do que o que pretendem ser.
Mostra-se opressa a honra pujante, desfigurada no ápice da pose mimada,
A qual se revola em lampejos lanhosos,
Que, em eventos danosos, destroem a alva manhã da existência,
Desnudam a clemência dos áureos momentos de luz vivente,
Tornando lívida a antes vívida vontade de servir Àquele que os criou.
Triste sorte demente, a frente de um anseio maligno, mas que,
Por mais indigno, não deixa de ter sua espada cravada
Em corações que podem ser restaurados. Humano... ainda humano.
Mas, se um gesto indolente, se torna algo abominável
Perante o "impoluto sinédrio" dos paladinos da alma,
Que dizer dos conscientes impulsos profanos que,
De fato, insanos, mas sucumbíveis e dissolúveis à misericórdia divina?
Será lançado o tal que semelhante ato praticou no breu do esquecimento,
Para, unido ao tormento, morrer à míngua da dor?
A que, então, se presta o "sacrossanto" sistema de purgação terreno,
Se aos olhos Daquele que tudo pode, limpas estão suas culpas,
Em homenagem ao ágape amor? Será ainda humano?
Desumano, talvez? Outra vez? Os viveres oníricos ainda não estão prontos,
Mas o está o produto do medo. Eis o dilema da gana indulgente:
O beneplácito da ira mundana, se transmuta na tara insana,
Que, infelizmente, move o moinho dos cálidos tempos da juventude,
E se mostra avassalador para a tenra idade dos seres pensantes, que,
Ávidos pelos diamantes da pseudo-glória, vão sangrando a história,
Mesmo sem perceber o suicídio que diuturnamente praticam.
Não há destino desvelado que, num estalo de dedos,
Revela os mortos e os leitos em que os mesmos jaziam à espera do plano vindouro.
Será a prata, ou o ouro, o câncer da humanidade?
Ou será, por pura leviandade, que os mortos ainda não se mostraram
Mais vivos que os próprios vivos? O que se mostra pulsante - pura arte! –
Não é o escorrer da moral decantada no fundo do universo dos males mundanos,
Mas, apesar dos orgulhos pseudo-soberanos,
E do fúlgido estandarte do desencanto sóbrio do ego,
O qual, num insólito momento de liturgia gentílica,
Relata todo o divino espetáculo da suprasobrevivência,
Odisséia pós-homérica fulgurante da consciência,
Puro ardor complacente da divina ignoscência, a qual,
Já antes neste escrito relatada, já não mais está velada, e tem nome: YESHUA.
E agora? Ainda pensas como humano?
Ainda és demasiadamente humano? Ou desumano?
Não há, termo mediano no anseio da sorte:
Ou o anjo da vida, ou o anjo da morte;
A balança do livre-arbítrio assume o governo do ser,
O qual mesmo diante do alvorecer da existência,
Não pode fiar-se na mera resiliência da carne,
Forçosamente espraia-se na inevitável sentença:
Ou a miraculosa presença divina, ou o eterno tormento,
O qual sequer em pensamento é possível apreender.
Sente em si mesmo um frio avassalador...
O que pensas? A dor vem, o choro vem, a noite vem.
Coisas do interior do humano... demasiadamente humano.
A ditadura do medo, segredo de todos nós.
Porém é o Espírito que justifica o espírito - Metaespírito –
Relação além-alma, mas o que realmente acalma,
É a ciência e a consciência de poder dizer:
Salvação, és a mim inerente, não apenas por ser crente,
Mas por livre vontade inexprimível,
Banhar-me na verdade invencível, traduzida no unigênito da criação...  
 

Sabiny
© Todos os direitos reservados