Ao amor indizível
restou
uma poeira de lembrança
que, ainda hoje,
teima em desarrumar
a mobília da sala.

 
Sua mudez ainda me fala alto,
pisoteando-me com um salto
fino feito estoque
de aço.
Lembro, e passo.

 

 
Sim... Ela existe em visões alucinadas,
noves fora tudo e nada,
algo como uma orgia inacabada
e uma lambida dedicada
em meu rosto coberto de fuligem

 

 
Penso nesses que somente exigem explicações...
Admito paixões de algibeira pelas beiradas,
o beijo daquela então namorada
que emergia do subsolo
de concreto.

 

 
Estive àquele tempo errado e certo,
e , nem mesmo assim,
pude concluir o que vivi.
Terá sido um estertor da juventude,
ou, ainda, a poesia que nunca escrevi.
Ela iluminando o que já se revela
é a musa bacante,
o amor delirante
o quase bastante
do banquete
do qual me serví.

Ogro da Fiona
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