Um imperador fenomenal

Se não for através de sofrimento não é Corinthians! Dizem os corinthianos ou não. O fato é que a história está sendo escrita do fim para o começo, de trás para frente, parece que será assim a trajetória do imperador no time corinthiano. Dos passos ligeiros do Sheik, em uma arrancada brilhante, acompanhado por milhões de olhos atentos, de corações esperançosos, com um passe de magia alcançou os pés firmes e certeiros do imperador, que em um chute espetacular acendeu o estopim da euforia. Milhões de braços, em abraços emocionados, de corações acelerados em uma arritimia sem fim, de olhos vermelhos lacrimejantes que escorriam lágrimas de amor que brotavam do fundo da alma, onde a emoção extrapolava os limites do possível e fazia da razão de viver do corinthiano a indecifrável, indescritível e momentânea alegria de ser reconhecidos como um bando de loucos. Loucos por ti Corinthians!

A estrela brilhou mostrando a direção do gol, o imperador voltou, para pisar em terra santa, em solo sagrado e comandar da cidade eterna da nação corinthiana, as conquistas, os triunfos, as glórias. Mas uma coisa ficou clara e bem visivel a todos que esperavam a sua volta, que dentro de campo ele voltará a ser, aliás, nunca deixou de ser o grande imperador, temido por seus inimigos. Saiu do banco para entrar na história corinthiana. Assim como o imperador Nero que incendiou Roma com a sua loucura, o imperador Adriano incendiou o Pacaembu. Com a canhota certeira, como se fosse o polegar para baixo, como faziam os antigos imperadores, autorizando a morte dos gladiadores, o imperador Adriano decretou a derrota do adversário. Foram milésimos de segundos, poucos metros até a bola balançar a rede, mas a expectativa da trajetória parecia cruzar o universo.

Olhos arregalados, lábios cerrados pela ansiedade, cada um a seu modo conduzia a bola para longe do alcance das mãos do goleiro. Era o momento da explosão. Libertou do peito de cada torcedor corinthiano a emoção, a alegria, e renovou a esperança e a vontade de gritar com todas as forças: é campeão, mas ainda era preciso esperar, se conter, aguardar. O imperador foi fenomenal. No crepúsculo do jogo o medo se dissipou, a dúvida deu lugar à certeza. Embora as dores das contusões insistissem, as lágrimas da vitória rolaram com a explosão do gol, fazendo com que uma nação de loucos reverenciassem seu imperador. Que ele volte para os gramados com o futebol na bagagem, com a certeza de poder jogar e dar o alegria ao povo. Espero que no circo da bola, o que marque a volta do imperador ao grande espetáculo chamado futebol e a sua trajetória nas arenas brasileiras, sejam as boas jogadas, sua dedicação em campo, os lances geniais, a alegria e satisfação de fazer o que ele mais gosta, jogar, e principalmente fazer gols.

Que diante da multidão extasiada, como aquela que ficava na expectativa do sinal do imperador com o polegar autorizando os gladiadores na arena para que executassem os adversários, esperamos que a privilegiada torcida corinthiana tenha o mesmo êxtase como se estivessem no antigo Coliseum. Que cantem e vibrem, que hasteiem as bandeiras ao vento e se emocionem e chorem com os gols do imperador Adriano, pois ele voltou. Quem sabe, em 2014 ele ainda possa ser o imperador do Brasil. Que essa esperança que há muito tempo vem nos acompanhando, resulte sempre em alegria e que em breve possa explodir em um êxtase incontrolável e ecoar o grito libertador para que toda a América possa ouvir. E assim todos saberão que a fraqueza de certos momentos passados, formará os heróis, os ídolos do futuro, pois futebol não é apenas inspiração, é transpiração, é vontade, é amor ao time, é torcida, é trabalho, é dedicação e acima de tudo é respeito para com os torcedores.

Mas como já disse, Corinthians não se explica! Se não for sofrido, difícil, quase impossível, não é Corinthians! Então, na próxima luta, estaremos novamente atentos na arena, com os corações apertados, cobrando e esperando o final, sabendo que se houver vontade e determinação em vencer já é suficiente para se gritar: é campeão.

Uma homenagens aos corinthianos....
Zeca Moreira
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