O PROCESSO
Nazaré, 28-09-1994
 
            Desentendimento entre um casal de juízes, marido e mulher, que ocorreu em uma cidade do interior:
            ELA- Eu vi V. Excelência sair com duas advogadas.
            ELE- Querida! A minha vara é de família!- a Dra. envergonhada, joga o cobertor por sobre seu corpo. O Dr. Irritado, grita para ela: Habeas Corpus. Jamais penetrarei minha vara de família em terreno foreiro.
            ELA- Se seu instrumento é particular só poderá ser impetrado em minha comarca, mas como seu instrumento é publico, levarei a questão ao tribunal do júri, pois não aceito formal de partilha com inter-vivos. Eu prefiro um óbito com herança e sem testamento.
            ELE- Então levarei seu abuso de poder a uma instancia superior. Lhe darei uma procuração e você faz de sua vida o que quiser. E exijo um alvará de soltura para minha vara por prisão domiciliar irregular. Você já veio à vida com uma gorda herança, logo que foi registrada no cartório de pessoas naturais.
            ELA- E você que nada tem de natural? Até para andar com a perna mecânica, precisa de tutor.
            ELE- Olha Excelência, eu já estou irritado com você. Sabe o que farei? Colocarei você em um leilão e quem der o maior lance, será outorgado comprador de sua tutela, no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
            ELA- Faça isso mesmo! Só não deixarei registrar a escritura de compra e venda sem que seja pago o DAJ, DAE, IPRAJ e outras roubalheiras.
            ELE- Mas não precisa. O outorgado exigirá escritura particular porque você já é hipotecada a meu instrumento publico.
            ELA- Em represália, mandarei engavetar o processo.
            Depois da briga o M.M. tentou outra curatelada e a Dra. gritou:
            ELA- Protesto M. M. isso é invasão de domicilio. Processarei a sua vara em todas as instancias.
            ELE- Não tem problema. Minha vara possui uma instancia superior à sua comarca. Por isso não adianta Al vará, pro cu ração, Cu ratela, Prisão de Ventre, Fra glande, Proto colo, Phoder Judiciário e outros absurdos sexuais.
            ELA- Mandarei o processo ao Superior Tribunal Federal!
            ELE- Mas eu não tenho recursos e nem você tem testemunhas ocular do desfecho. Eu sou um varão de respeito e você não passa de uma Meretrícia. Alem de tudo, somos os nubentes mais temidos da comarca.
            ELA- Você foi o promotor de minha hipoteca, data vênia sou uma autoridade arrestada.
            ELE- Farei o inventario de meu documento, pois ele é a maior vara de família da comarca e está sendo acusado pela usuária, de instrumento público. Sou um juiz inocente e respeitável e não aceito formal de partilha.
            ELA- Estou tão revoltada que partilharei minha comarca com outra meretrícia, pois já fiz isso quando era menor impúbere.
            ELE- Por essas e outras, eu quero divorciar a minha vara de sua comarca, definitivamente.
 
 
 
 
 
 
 

GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
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