Desse   completo   desvario 

não  acuses   a   mim  

na  circunstância,   das  circunstâncias   nuas

no  resvalo  dos   engodos

entre   o   titubear  das   decisões   reprimidas

Sob   teu  súbito    espanto

daqueles   sustos  de  respiração

 capturada

           [  entenda-me !

 

No  que  te   exaure

não  acuses    a  mim

Não   que eu   não  dir-te-ia  que   ando   a  esmo

distraído     sem   chegar,  como  uma   nau   sem:

leme,  lume,   quilha

        [  submergindo

 

Por   toda  essa  carência

não  te  deixes   acusar   a  mim

nem   por esse     inacabado   esboço

e   nem   por  essa  escultura  de asa  partida  

Porque   eu    já  era    apenas   uma  sombra

        [da  sombra    que  continuo    sendo 

 

E  de    quanto   extenuante    é

para   um    pobre   coração  reprimido

a  força  que  faz  para  pulsar

Portanto   agora,   não  te  permitas   acusar-me   assim

sabendo   que  num  desatado   esvair

me  reduzo  incontido.   Morrendo   aos  poucos

                        [ sem   me  dar   conta

 

Mas   por  cima  do  que deixarei  de ser

quero    que    nada   grasse 

mesmo    meu   lamento  no  inóspito

ou    teu   desprezo    na   indiferença

Seria  assim   como   se   eu   mesmo  me absolvesse  e

me  condenasse    a  um  só    tempo

Então  desse   altar  dos  sacrifícios,    erguido

de   dentro    do   meu  desespero    opresso  .  .  .

                               [   isenta-me   !

 

versejando ( ao estilo de Pessoa )
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