Nesse espaço,

tão meu quanto seu,

que dividimos nosso nada,

desejo que você se cale.

 

Não há o que fazer,

além de curtir o nada

que nos inunda

e nos observa.

 

Somos escravos de nós mesmos.

Cada um por si. E assim somente.

Não há nada a se revelar,

nem nunca houvera.

 

Essa sede de silêncio

e essa fome de paciência

me consomem até que

eu enfraqueça. E assim somente.

 

Esse sorriso mordiscado,

esse olhar atento e desvairado,

essa expressão vazia,

preenchem minha alegria.

 

Tão incomum quanto possível,

tão insensível quanto plausível;

você é agora meu incômodo constante.

E assim somente.

Soraya Costa
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