
Enrosco-me em tuas mãos,
mas é em teu coração
que sinto-me pulsar, em câmera lenta,
no compasso de uma antiga canção.
A partitura de estrelas cadentes
singra o noir veludo deste céu, em notas musicais.
Uma pauta... Em clave de sol e dó maior.
Eu te encontrei. No início do fim.
No meio do mundo.
Poeira cósmica do universo.
Constelação de buracos negros.
O vácuo. O vazio.
Não toco teus abismos,
nem te alcanço em precipícios que constroem pontes,
cruzando tuas veias e artérias.
Tatuo em minha pele o mapa da saudade,
e do encontro.
O doce encontro a argumentar a eternidade de nós dois.
A querer entender o espaço entre nossos corpos,
que se fundem desesperadamente...
Simbiose. De silêncios e espaços vazios.
Mãos.Olhos.Alma.Coração. Pele.
Tudo se entrelaçando com dois pássaros pousados no olhar.
Saberemos sim, a hora exata de partir.
Seguiremos com os ventos rubros em uma incursão
de bravias tempestades...
Nos restam ainda oito longas passagens de lua,
e sete vidas por viver.
E assim fecho a Caixa de Pandora.
E sigo.
Sigo lentamente, sem olhar para trás.
Sigo, sem amarras,sem dúvidas, sem rumo,
num barco que navegará embriagado mar afora...
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