No chão.
Desfalecida.
Desfalecida, ignorada e bela.
A pobre sem alma (de acordo com o padre).
Porque para ser digno de alma
Deve-se perder a inocência.
Do contrário,
O fim é o da pobre.
Ignorada e desfalecida.
Não obstante bela e sem alma.
Mas de que lhe vale sua inocência?
Acreditar que é livre?
Dona do azul infinito?
Se o provido de alma
Vem encurtar o sonho de vida
Do “desalmado” símbolo da paz.
Mas ao dar cabo à paz,
Ode se faz ao conflito?
Claro que não!
Outros símbolos se encontrarão,
Mais alvos e eretos,
Menos desfalecidos,
Porém igualmente sem alma.
E de que vale ser símbolo?
Qual respeito merece o desprovido de alma?
Depende do interesse...
O respeito de uma besta de mira,
Quando para diversão,
Para extravasar o sadismo inerente à humanidade.
E o respeito cerimonial,
Quando a função incumbida é de emocionar,
Demagogicamente umedecer a visão da massa.
Mas passado o momento,
Já podemos retornar ao que importa,
À nossa verdadeira essência.
E lá está ela novamente, desfalecida,
Bela e ignorada (no chão).
Viva nossa índole.
Viva nossa alma.
E viva a pureza dos que não a tem,
Propiciando-nos tanta alegria e diversão.
Provido de alma que sou,
Tenho permissão para ignorar a pobre,
Que irá permanecer lá (no chão),
Desfalecida e bela,
Enquanto vou comprar pão.
São Paulo.
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