Quem é você, viajante solitário, que engrandece o mundo e
Canta para quem não merecia tanto?
Quem é você, maestro das luzes, que, com tua voz,
Constrói arco-íres?
Quem te deu esse poder de invocar a alma em tal dimensão?
Quem foi que te disse que a realidade não existe,
E, o que existe, está a teus pés, numa sinfonia das estrelas?
Que é você, encantador do mundo, flautista de Hamelin,
Que nos leva, feitas crianças, para o paraíso perdido, o Éden,
o horizonte perdido de Shangri-Lá,
Shambala,
Quem é você, apaixonado, flauta de bambu, tristeza e ventre
Da mãe despudorada que criou essa nação?
Onde é o fundo do rio?
Onde estão as ninfas?
Com teu canto, busco a salvação e Mozart. Será?
The Wind, lira e flauta, eu não esqueço, jamais.
Quem é você que pacifica todos os movimentos de minha alma,
E tranqüiliza meu bem querer?
Quem é você, em que param os rios, que as pedras brilham, que as flores estremecem,
As gazelas se enrubescem, e as vacas são protegidas pelo círculo dos touros em noite de tempestade e enfrentamentos?
Quem é você, que aos pássaros emudece e faz chorar de emoção?
Quem é você, que acalma os obsidiados e acalenta seu sofrimento de erro e dor?
Quem é você, que pergunta aos sábios qual o seu dever?
Sou Jessé, uma só voz, apenas.
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Uma homenagem póstuma a quem merece, simplesmente.

Bagé/RS, quinta-feira, 20 de outubro de 2005, 02:09 h.