AS DISTÂNCIAS QUE NÃO SEPARAM
Por William Vicente Borges
O que são as distâncias?
Muralhas intransponíveis?
Abismos sem ponte?
Mares inavegáveis?
Talvez a distância que possa separar
Seja a distância das milhas e dos quilômetros.
A vida separou, levou para pólos diferentes
Mas que nunca exterminou o afeto
Que jamais acabou com o cheiro
E que se é o alimento da saudade
Também é o alimento que
Fortalece a felicidade do reencontro.
Talvez a distância que possa separar
Seja a distância do tempo
Que se esvaiu entre os dedos
Que amarelou as fotos
Mas que deixou marcas tão indeléveis
Que a alma sorve cada lembrança
Como beija-flores sugando o néctar
De uma flor colorida e brilhante.
Talvez a distância que possa separar
Seja a distância do adeus
Do amor que terminou no banquinho da vida
Das lágrimas do coração partido
Mas que nos deixou felizes por um pouco
E mais fortes por toda a vida.
E assim quando voltamos a amar
O fazemos ainda melhor .
É como um pássaro aprendendo a voar.
Talvez a distância que possa separar
Seja a distância do agora.
Deste agora que simplesmente não dá.
Do agora que nos nega os direitos
Que achamos que temos
Mas que na verdade só queremos.
E assim sofremos o que não precisamos
Diante de um anseio que é só ilusão.
Talvez a distância que possa separar
Seja a distância da morte.
Muitos a julgam o término.
Mas na verdade é só mais uma fronteira.
A morte é uma sombra que quando
atropela o esperançoso, apenas o refresca.
O que são as distancias?
Muralhas intransponíveis?
Abismos sem ponte?
Mares inavegáveis?
A verdadeira distância
Que realmente separa
É o “esquecer”.
Mas ninguém se esquece
De quem o bem fez.
Então não há distância
Que me separe
De você.
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Inverno de 2011
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