Iguais na diferença

 
Todos gostam muito de rotular. O chato, a feia, o esquisito, a antipática, o grosso, a tirana, o...a...
O mundo virou uma múmia, antiga, mofada e amarrada a tantas ataduras que impedem seus movimentos. As ataduras são os tais rótulos, que saltam em coro para cada ínfima coisa que existe.
A máscara da tecnologia, do “just in time”, das redes de relacionamento, do digital, etc, vangloriam-se de uma falsa modernidade, mas que no fundo é só casca. Dentro se sofre de uma aguda regressão de valores, não aqueles impostos por uma sociedade hipócrita, mas aqueles de ser humano mesmo, de respeito, de se valorizar a vida com a grandeza e com a complexidade que ela tem. As pessoas estão se escondendo num bando de receitas pré-fabricadas e inúteis que querem ditar regras igualmente inúteis. Tudo hoje é politicamente incorreto. Para tudo que se vá dizer há que se pensar antes se não está ferindo algum grupo que se julga especial. Ora, se todos concordam que deve haver igualdade entre todos, para que precisamos de normas para alguns grupos, para protegê-los e conferir-lhes regalias? Porquê? Onde está a lógica disso? Se não há nenhuma diferença latente, objetiva e concretamente limitante (que essas sim, precisam e merecem ser protegidas), se a diferença está apenas no âmbito das preferências, das escolhas, das cores, das formas, simplesmente não há diferença. Todos são iguais, ponto final. Mas também todos são diferentes. Cada ser é único, e o vai lhe dar as armas para lutar pelos seus direitos é a sua postura diante das situações, isso é igualdade para o coletivo e liberdade para a ação de cada um.
Há que se recuperar a essência do que é viver, de que é preciso lutar para ser sempre melhor, de que existem dificuldades sim e que elas precisam estar ali é que é extremamente positivo e gratificante enfrentá-las e vencê-las. A facilidade nos torna frágeis, ignorantes e atrofiados. O que é bom é para ser desfrutado sim, em toda a sua plenitude, mas o que o que é difícil é para ser superado.
Ninguém é somente um. Cada um é único na sua maneira de deixar brilhar cada personagem que vive dentro de si.

Gisele
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