Sorri na cara da fome
Sem querer a miséria estava no meu sobrenome.
Do lixão tirei o que comer
Não tenho vergonha
Tornei-me um animal para sobreviver.
Do papelão fiz minha casa
Da estrada o meu quintal
Meu lençol era um jornal.
Durei o tempo que pude
Não fiz corpo mole, e não me julgue
Partir porque não tinha como seguir
E vejo outras vidas iguais a minha daqui,
Homens morrendo, mulheres chorando, crianças sofrendo
E todos do lixo vivendo.
Morri porque não tinha espaço nesse mundo pra mim
Suspeito que cheguei nele sem convite
Não sou de berço, não sou da elite.