PÉROLAS AOS VENTOS

Vento leva minha vontade por aí tudo.

Quero um jardim de rosas de todas as cores

insetos amigos... sons. sempre melodiosos, como pipas no céu

quero o encanto do olfato: FRAGRÂNCIAS IMPRESCINDIVEIS! Lábios nús de batons beijando flôres.

Estojos de maquiagens expostos à contento da delicadeza feminina

da fúria das faces acaloradas

também quero ruidos de ocultos beijos

 

Vento, ouça-me ! Ou estou a falar aos ventos!

 

Estou me sentindo delicado hoje.

Tanto como o veludo de uma taturana ou a pele acetinada de um mandruvá

ouço o estalido da relva quebrando-se sob meus passos, bem abaixo do farfalhar

Meu coração está em flor:

Apaixonei-me perdidamente pela poesia contida nos seres humanos, por mais que eles sofram:

Não é fácil acordar da dor.

 

Está frio aqui em São Paulo, mas eu nem ligo !

Meu coração está quente

Você vento é meu amigo !

Estou bem agasalhado, acabei de tomar um capuccino...mudei até a estética de minha barba embora não haja qualquer relação entre uma coisa e outra.

Estou feliz hoje. Feliz demais.  Inutilmente feliz.

Sinto a estranha sensação de que vou morrer: sinto-me intensamente vivo!

 

De manhã é a prata do orvalho sobre a vejetação

brilando ao sol frio...

Os colibrís beijando amoras silvestres...o encantamento é praticamente uma constante.

A noite são os pirilampos, os sons dos insetos noturnos...as corujas...

o vento, minha vontade é onírica demais em sua concretude

minhas crianças, meus velhos, meus amores...

 

Que estupefação é essa que furta-me a ira ?

 

Onde estão meus dias de combatente?

Estou tão plácido!

Ó vento, isso, de fato, são ou não são pérolas?

O que mais posso querer ja que os ventos são para todos?

Dividamos!

Deixemos que os calhordas, os hediondos, os beócios, sepultem seus preceitos

 

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