Sofro cada olhar em cada resto ,
nessa réstia de olhar mitigado,
mínimo, mendigado, condescendente
olhar catado no chão,
recolhido entre palmas das mãos,
que esvai por dedos, inalcançável olhar.

Por que não é olhar, não me pertence.

Ontem, por instantes, meu olhar cruzou com teu olhar.
Vi quanto brilhavam teus olhos, quanto de ti olhava.
Era eu que te olhava,
ou era a mim mesmo que olhava em teu olhar?
Era eu mesmo que te amava,
ou era a mim mesmo eu que amava através de teu olhar?

A quem amamos, na realidade, nesse conjunto de máscaras?

Bagé/RS