UM DIA NA FAZENDA-(conto)-

 


Um dia na fazenda
 
                             Era quase seis horas da manhã quando o despertador de penas cantou, Galindo era um belo galo, estava na fazenda do Tio Juca há um bom tempo, sempre cantava três vezes para acordar o pessoal. Do curral, a vaca Berenice respondia com dois mugidos bem fortes, chamando o Tio Juca para a ordenha. As galinhas se alvoroçavam no galinheiro e principalmente duas delas, a Priscila e a Betinha cacarejavam felizes, pois o dia estava chegando. Willian, o porquinho dava seus grunhidos estridentes pedindo comida enquanto Pablo galopava e relinchava em círculos no quintal. Tia Zéfa, esposa do Tio Juca, levantou-se e foi preparar um delicioso café.                               Enquanto a água fervia, ela tratou das galinhas e o Tio Juca levou a comida dos familiares do Willian que estava bastante agitado. 
 
                             A Fazenda era muito bonita, alem do bosque centenário, onde se ouvia a sinfonia dos pássaros, uma pequena cachoeira completava o cenário exuberante. Os sobrinhos do Tio Juca adoravam passear na fazenda e iam para lá todos os finais de semana, a Tia Zéfa gostava muito das visitas e fazia de tudo para agradá-los. Quando os garotos chegaram, Ringo foi o primeiro a recebê-los, sempre feliz, abanando a cauda e latindo forte, Tito morria de ciúmes, miava alto para chamar a atenção e só parava quando recebia um carinho. Depois de um belo café, tomado com o leite fresquinho da Berenice, a garotada partiu em direção à cachoeira. Era cedo ainda, mas o calor do verão convidava para um refrescante banho. Juquinha, o mais sapeca saiu correndo e gritou:
-- o último a chegar vai ter que beijar o Willian!
Jorginho e Toninho acompanharam o Juquinha e enquanto Luisa e Roberta  ficavam para trás, Ricardinho nem correu e resmungou:
-- pronto, vou ter que beijar aquele porco de novo...
 
                              Os garotos já conheciam cada metro da cachoeira, mas sabiam que era perigoso mergulhar, porque o riacho era raso e as águas não ultrapassavam a altura da cintura deles, o que era muito bom segundo o Tio Juca porque diminuía o risco de afogamento. Enquanto as crianças brincavam na água a Tia Zéfa aproveitava para molhar a horta e colher algumas verduras para o almoço. O Tio Juca estava ocupado cortando capim para a Berenice quando ouviu um grito vindo da cachoeira. Deixou o que estava fazendo e saiu em disparada para ver o que tinha acontecido.
 
                              Quando chegou à cachoeira viu a Tia Zéfa segurando o braço do Juquinha que estava bastante inchado na altura do cotovelo enquanto o pequenino chorava e gemia de dor.
-- o que aconteceu? Perguntou o Tio Juca preocupado, pensando que o sobrinho tinha sido picado por uma cobra, pois o braço do menino estava roxo.
-- não se preocupe, disse a Tia Zéfa, foi apenas um tombo. Ele bateu o cotovelo numa pedra, vou fazer uma compressa de água quente com erva de Santa Maria, amanhã ele já estará bem.
                              Meia hora depois o Juquinha, com o braço enfaixado e preso a uma tipóia improvisada pela Tia Zéfa estava de volta à cachoeira, mas dessa vez contentou-se em ficar somente com as pernas dentro d’água enquanto o resto da garotada se divertia.
 
                              O almoço foi servido e a garotada comeu à vontade, Tia Zéfa era excelente cozinheira e fazia quitutes deliciosos, ela adorava cozinhar para os sobrinhos e eles mais ainda de comer aquelas delicias.
                              Após o almoço as crianças sentaram na varanda da casa e ficaram escutando as belas historias que o Tio Juca contava com maestria e um realismo impressionante. Eram historias das mais variadas e enquanto o Tio Juca narrava, a expressão da garotada se modificava, para medo,  alegria, espanto, tristeza e finalmente de alivio quando a historia terminava bem.
 
                              A tarde foi chegando ao seu final e também o dia na fazenda. Tio Juca atrelou o Pablo à carroça que usava para vender ovos, queijos e hortaliças e convidou as crianças para acompanhá-lo. Após alguns ajustes na carga partiram pela estrada rumo à cidade, seguidos pelo Ringo que abanava a cauda e latia feliz...
 
 
Pedro Martins
27/05/2011   

Escrevi este pequeno e singelo conto para as crianças de uma instituição. A idéia foi que elas incorporassem os personagens do texto o que foi muito divertido e gratificante...
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