Olhas      pra  mim  e  não me  vês,  são  esses  teus   assomos cegos

Tua  vil   tramoia  de  se   enganar,  pensando   que   enganas  outros 

E  quando   achas   que  podes  tudo,  agrides:  é   afronto    corrosivo

Que  nos  transforma  nesses   parcos   escolhos   e   escombros   sós

 

 

Não  ficas  perto,  não   ficava   próximo,   resumimos   em   ausência

no   frigir   de   nossos    destinos    em   acelerada    erosão   interna

Passamos   a  rever   erros  e   acertos,  sem   ssaber  quais  o   que

Ah  !  Lacunas    na  memória  de  coisas   que  fomos    e   duramos

 

 

Os   espantos  não  passam,  firma  mais  que  intervaladas  certezas 

Nessa  inervação   visceral,    envolvendo   quase   tudo,   que   eram

nossos  reclamos,  que  não  foram  ouvidos,   pulsar   de   equívocos

Houve   algo   no   passado   que  não  aceita   desculpas    atrasadas

 

 

Fui,     era,     fomos;   fricção    cáustica    do    descaso      impune

Não  adianta  esse  ar  de martírio,  quando  ele  já  se  estabeleceu

No  meio    de  um  lento    rolar  de    reticências    que  se  insurge

Arquétipo   de minha  dor . . .  esse   desaguar  de  vastas  sangrias 

 

 

 

versejando ( ao estilo de Pessoa )
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