DONA DE SUAS VONTADES

 

Quando se ama,

Perde-se junto com os sapatos , os pés...

Deixa-se de caminhar...

Porque se não tem pés para caminhar,

Muito menos sapatos...

 

Fica-se no espaço a flutuar,

Perdida no abismo do querer,

Sem liberta poder ficar...

 

Ah, se eu pudesse , ser dona das minhas vontades...

Navegaria os sete mares...

Voaria sem asas...

E mergulharia nos oceanos,

Com mminha alma liberta!

Fugiria do tédio do mesmismo,

E me acharia de novo...

Em algum lugar do espaço que acho

Que poderia estar em algum laço,

Perdida...

Iludida...

Consumida.

 

Ah, se eu pudesse me achar,

Fosse nos braços de outro alguém,

Onde pudesse sentir um cheiro diferente,

E dizer que um dia eu fui livre...

E que soube mandar em minhas vontades...

 

Ah, se eu pudesse...

Eu me perderia de novo,

Pra de novo me achar,

Em algum lugar onde nunca eu estive,

Navegaria em nau dos ventos alísios,

Subiria em picos mais altos,

Desfaria-me de laços que me enlaçam,

Seria de novo eu mesma,

Eu, apenas eu...

Diria que ainda sei ser eu mesma...

Dona das minha vontades...

 

Ah, que preço terei que pagar,

Pra ter-me de volta ao meu mundo de ninguém, 

Ser mágica...

Hipnotizar serpentes...

Ser gente coerente...

Que sente...

Mas não prende...

Deixar a loucura  da paixão incoerente...

Poder andar de novo...

Ter novos sapatos mágicos!

 

Ah, que desgraça,

Tudo sem graça,

Quando a gente deixa de ser dona...

Dona de suas vontades!