O rancor apunhalou o amor que de mãos atadas, mal podia enxugar suas lágrimas.

As crianças abriam seus presentes. Sobrinhas, sobrinhos, filhos de amigos...todos espalhavam a inocente alegria pela casa.

A verdade de suas emoções era vibrante, contagiante mas meu coração ferido, derramava esperanças em vê-la.

Minha imaginação me contava estórias fantásticas, e me faziam acreditar, que de dentro de uma daquelas caixas de presentes, surgiria sorridente, a minha filha Maria.

Aos meus pés, os papéis e caixas espalhadas pelo chão, recebiam minhas lágrimas que, gota a gota, rolavam ardentes pelo meu rosto. Caíam, suplicando sua presença.

Um longo suspiro me trouxe de volta a triste realidade. Maria não viera. Fora amarrada pelo rancor alheio. Impedida. Seu direito de estar com o próprio pai, fora tratado a revelia.

Embora não tivesse saído de dentro de uma daquelas caixas de presentes, não esteve ausente. Assistiu tudo de dentro do meu coração, e de lá, ninguém pode te tirar.

 

Na verdade, não é uma poesia e sim um texto que fiz, pois precisava descarregar minha indignação e outras emoções de alguma forma.
Infelizmente, essa motivação veio de um pesadelo em vida que passei. Sofri com a chamada Síndrome da Alienação Parental, também conhecida como SAP. Fui impedido pela própria mãe da minha filha, de estar, ver, falar com minha filha chamada Maria. Vi neste site, um espaço interessante onde poderia manifestar-me e quem sabe de alguma forma, alertar sobre este tema e ajudar outras pessoas através da minha experiência. Lendo algumas das poesias colocadas aqui, me senti estimulado a expressar-me também. Faço essas resalvas iniciais, no sentido de contextualizar apenas pois, este período de angústia e isolamento que vivemos (eu e minha filha) ocorreu inclusive num Natal, que certamente ficou marcado para nós.