O Outono da Vida

 
Florada em pleno outono,
Destino em contraposto,
E já querer não quer mais,
Pois que antes anseia paz.
O coração já sente cansaço,
A vida passou lépida,
O tempo jaz no passado,
E o futuro está mais curto.
Não encontraram-se asas,
Não fez o grande voo,
Mas a vida prosseguiu.
Os ditos estão feitos.
Bem-vindos sejam os dias,
Pois que não há protelação.
Viver é inexorável,
É trilhar com pés livres,
O caminho não aguarda.
Dinâmica dos dias e noites,
Poesia já vai exausta,
Os versos comungam,
Mas fazem-se fugitivos.
Brincam com o poeta,
E a poesia oculta-se aos olhos,
Mas quais olhos?
A visão é d’alma,
E alma pleiteia existir,
E quem sabe exista,
Quem sabe consinta ser.
E ser é tão pouco,
E é tudo que se tem.
Canto dos pássaros,
Flores e cores.
Outono da existência.