Estava eu outro dia
Sentado em minha varanda
Quando ouvi um estranho barulho
Que parecia uma banda

Abri então meu portão
E fiquei ali na espera
Os vizinhos também escutaram
E sairam para ver o que era

De repente surgiu na esquina
Entre luzes tal qual vaga-lume
Um calhambeque antigo
Com o som no mais alto volume

No volante um sujeito baixinho
De rayban e chapéu cor-de-rosa
Empunhava um microfone
E falava com voz poderosa

Habitantes desse planeta
Me escutem só um segundo
Venho aqui anunciar
O final do vosso mundo

Só peço que não se alarmem
E nem entrem em desespero
Pois lhes garanto que todos
Terão um fim bem manero

Não vai doer nem um pouco
Será um fim radical
Não haverá pobre ou rico
Todos terão morte igual

Após essas breves palavras
Deu tremenda gargalhada
Acelerou o calhambeque
E sumiu em disparada

Não demorou muito tempo
Para o Céu escurecer
O vento se fez presente
E o chão começou a tremer

O fogo desceu detonando
O mar invadiu as terras
Morreram mais seres humanos
Do que se houvesse mil guerras

Entre meio essa tragédia
Eu fiquei estarrecido
Mais ainda ao perceber
Por nada ter me atingido

Caí então de joelhos
Pra agradecer ao Senhor
Mas apesar de estar vivo
Chorava ao ver tanta dor

Foi quando alguém me tocou
E me deixou confortado
Era minha filha chamando
Eu havia cochilado...

Pedrinho Poeta - Pitangueiras-SP-
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