Para uns o Carnaval é festa,
para mim é recolhimento,
é momento
de lembrar dela
e de nossas letras trocadas
em papéis amarrotados
e
clandestinos.

 
Se, por um lado, foi o destino
que em pseudo antevéspera
nos fez reencontrar,
por outro, foi o sadismo dessa estória
-louca-
que fez de nossas mãos
extensões de nossas bocas,
de nossos sexos,
de todo o nexo desconexo
e conectado
vinte quatro horas ao dia
até
então.

 
E, enquanto o mundo todo era folião,
éramos poetas
um do outro,
tecendo os enredos
do
GREMIO RECREATIVO
DOS AMANTES INCIDENTAIS.

 

 
Fomos -sim- amorais!
Fomos putos!
Embriagados entre lágrimas e soluços,
entre saliva, gozo , suor e pele.
E se há alguma nota que nos revele
essa seria a nota zero...

 

 
Pois só isso explica o que sinto demais
e nunca revelo:
Musa é ela!
E o que dela ainda guardo
na batida seca
do meu coração
-surdo-
desde então.

Ogro da Fiona
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