Quero-te como inspiro o mar enxergar,
Procuro-a na urbana simetria da cidade
Ávida e surreal és labirinto e elasticidade
A arquitetura marginal, barracões,
Papelões, latas de lixo
Literatura naturalista, e ainda me amas?
Procurar-te na roda viva,
Na vida que passa nos trilhos da cidade,
Nos olhos vermelhos, apenas a estrada deserta
Imensa e sem fim...
A multidão passa apressada,
Ela está faminta de tudo, a celerada
Quero vê-la, insisto ter a luz
Os pulsos hei de cortá-los,
O verbo turvo, obscuro,
E a amando da fome a
Apanho o pão na calçada.
Viver não é mais uma noite de lua,
É inepto, tudo é marte,
A fúria e a injuria descrevem o mar,
“quando em noite de febre endoidecido”
De vago e te procuro.

Boca da Mata
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