NUM PORTO QUALQUER DO MUNDO

NUM PORTO QUALQUER DO MUNDO

NUM PORTO QUALQUER DO MUNDO

 Retorna o vento. Ele sopra do mar... O que ele traz? O que ele vem buscar?

Vou de mãos vazias e as trago cheias de saudades.

Eu tenho um porto em algum lugar do mundo

Cujo mundo cabe em minhas mãos.

 Tenho a areia sob os pés, fria, úmida e marcada por breves momentos pelas impressões do meu ser, levadas a cada segundo para sempre ao fundo do mar.

Nessas idas e vindas a vida se reconstrói, viaja, ancora, parte e retorna. Partilha, adiciona, porém, sempre volta ao mesmo cais.

  Tenho o vento que canta, assovia baixinho entre os rochedos, mas que depois, conta-me entre rajadas gélidas o riso e o choro triste de quem partiu.

 Tenho sim um imenso mar... de um azul quase profundo a me seduzir.

 Secretamente encosto-me no vento que embala docemente o barco vazio ancorado num porto qualquer do mundo.

 Meus dias nunca foram vazios, minhas horas jamais foram banais, mas, hoje fui tão mais longe, talvez a vida toda....

      Sinto-me o beijo que demora...

 O abraço que espera com calma a chegada do próximo vento

Ancorando outros sonhos num porto qualquer do mundo.

Vento de outono
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