Somente o ódio liberta dois amantes
Se as veias não mais dividem o pulso,
O laço desata e um peito convulso
Já não aviva mais brasa como antes.
 
De repente, naquele olhar distante,
Fia-se parca esperança, um impulso,
De que o abjeto grilhão do sangue expulso
É cinza inerte, e se pode ir adiante.
 
E ao sentir novamente o céu por perto,
Replica o coração pela virtude,
A dor não conta, nem sequer importa.
 
O ardor no peito que desponta certo
Surpreende-se e sufoca-se amiúde:
O velho vil amor lhe bate à porta.

 

Este poema diz respeito às pessoas que vivem presas a um amor e recusam a amar novamente. Quando se sentem libertas, sempre reavivam as lembranças. Isso só não acontece quando o fim é permeado de ódio. Este recobre todo o sentimento.
Elias neri
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