Agora que o silêncio invade a casa,

eu penso na morte com mórbido carinho...

penso no amor que não foi,

e que, talvez, nunca será.

O dia avança e a vida transcorre

entre acertos, desvarios e descaminhos.

Não faz sentido ser um homem sem sonhos.

Deixa fervilhar dentro de ti alguma revolução, por menor que seja.

Apesar da morte, do medo da morte ou do desejo da morte,

o homem parece resistir ao silêncio.

Baila dentro das trevas como uma estrela rebelde

e não te esqueças do teu Deus, que te viu menino sem palavras

e hoje te vê amante do verbo...

Agora que o medo é fogo e que a vida dói,

eu penso no bálsamo dos teus beijos,

lembro com certa mágoa do carinho de tuas mãos.

Não me leves a mal por pisotear as flores que me deste:

Eu guardo com carinho o vaso trincado do nosso amor...

não me leves tão a sério.

Eu tenho um coração mortal para amar coisas eternas.

Por ondes andarão teus pés?

eu faço longas caminhadas para dentro de mim mesmo.

Sergio Leandro
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