Por um minuto,
o mundo se transforma,
se enche de cores e aromas,
todo sentimento retorna,
trazendo consigo sintomas.
A vertigem impera,
não espera o coração
que vai na contramão
e cruza os faróis sem olhar.
Pura falta de ar
sem ar puro de respirar.
Vai pela pele um frio,
banho de rio, desvio do senso,
penso estar em desvario.
Pés flutuam deslumbrantes.
Mãos estremecem levemente
após o terremoto interno e consequente.
Vejo então surgir o clarão,
voz de clarim, anunciando singelo festim.
Cetim de lençol, seguido beijo,
tingido desejo todo espalhado.
Saciado corpo rendido,
pé de ouvido, estampido de riso,
granizo em pleno verão.
Sono de rei e rainha,
ao acordar, sonhado tinha
que eras minha e de mais ninguém.
Convém dizer, o querer vai além
e que nada detém a exatidão do acaso.
Do carvão, nasceu flor de diamante
Do casulo, borboleta radiante,
adiante, vai-se gigante a voar.
Por um minuto,
por um só instante.

São Paulo