Mágica da névoa
 
Nas horas tardias em que a noite desmaia
Que rola na praia mil vagas azuis,
E a lua cercada de pálida chama
Nos mares derrama seu pranto de luz.
 
Eu vi entre flocos de névoas imensas
Que em grutas extensas se elevam no ar,
Um corpo de fada serena dormindo
Tranqüila sorrindo num brando sonhar,
 
Na forma de névoa puríssima e nua
Um raio da lua de manso batia,
E assim reclinada no túrbio leito
Seu pálido peito de amores tremia.
 
Oh filha das névoas, das veigas viçosas,
Das verdes cheirosas roseiras do céu,
Acaso rolaste tão bela sorrindo
E dormes sorrindo nas nuvens do véu.
 
O orvalho da noite congela-te a fronte
As orlas dos montes se escondem nas brumas,
E queda repousa num mar de neblina
Qual pérola fina dum leito de espumas.
 
Nas nuas espadas dos astros dormentes
Tal frio não sente o pranto filtrar,
E as asas de prata dos gênios da noite
Em tíbios açoites a trança a agitar.
 
Vem que nas nuvens te mato o desejo
De um fervido beijo gozares então,
Os astros sem alma se cansam de olhar-te
Não podem amar-te nem dizer-te paixão.
 
E as horas passavam as névoas tremiam
Os gênios corriam no espaço a cantar,
Mas ela dormia tão pura e divina
Qual pérola ondina nas águas do mar.
 
Imagem formosa das nuvens da líria
Brilhante Valquíria das brumas da norte,
Não ouve ao menos de bardo os clamores
Envolta de vapores mais fria que a morte.
 
Vem minha alma com teu rosto gelado
Teu seio molhado de orvalho brilhante,
Eu quero aquecê-los ao meu peito incendido
Contar-te ao ouvido paixão delirante.
 
Assim eu clamava tristonho e pendido
Ouvindo o gemido da onda da praia,
Na hora que foge as névoas sombrias
Nas horas tardias em que a noite desmaia.
 
As brisas da aurora ligeiras corriam
No peito batiam da fada divina,
Sumiram-se as brumas do vento a bafagem
E a pálida imagem desfez-se em neblina.

Jeff Walbrink
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