A NAU DO BARDO ESTÉRIL


 
Forcejo e reforcejo
Com recalcitrante veemência
O parto de um mero poema:
 
A minha verve, ao contrário,
Quer se manter inerte,
Em coma, inacessível á pena
Deste poeta-náufrago!
 
Penso em solfejar
Hinos que esquartejem
A opressão, a amorosa decepção e o flagelo:
Mas, pelo oceano da mente, me navega a nau do deserto.
 
O pensamento meu --- afinal de contas ---
Hoje não deseja degustar o sol da poesia:
Anseia, a bem da verdade,  ser o mor cemitério das ventanias!
 
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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